Dia do Amigo: empatia aos pais enlutados
É difícil encontrar palavras que descrevam a dor de um pai e uma mãe que perderam um/a filho/a. Apesar das emoções e das reações à perda serem tão individuais, costuma-se dizer que a vivência deste processo não precisa ser solitária. Contar com o suporte de amigos para que possam dividir sentimentos e, principalmente, receber apoio nesse momento, pode trazer mais leveza e compreensão sobre essa nova realidade da vida que passarão a seguir.
Como uma resposta ao rompimento de um vínculo, o luto é um processo vivido de forma individual, então não compare a sua maneira de sentir e vivenciar a sua perda com o modo de outros. Não existe um jeito certo ou errado de passar por este processo. Cada pessoa tem o seu, uma vez que as relações são únicas.
Quando convivemos com alguém em luto, precisamos ter uma postura de respeito à sua dor, independentemente da idade ou das circunstâncias que ocasionaram o falecimento. Há casos nos quais as perdas não são legitimadas pela sociedade. E isso interfere no processo de luto fazendo com que não se sintam autorizados a expressar o seu luto pelo tempo que precisarem, mesmo que seja pela vida inteira.
E se por acaso você não conseguir expressar a sua dor, isso não significa que você não esteja sofrendo, você apenas tem uma maneira diferente de lidar com esse sentimento. Não se cobre, apenas deixe fluir tudo no seu tempo.
Particularidades do processo de luto vivido por mães e pais
No luto parental, há uma inversão do ciclo natural da vida. É como se a morte de um filho fosse contra os princípios da natureza e, por isso pais e mães podem se sentir incompreendidos e com dificuldade para expressar o que sentem.
É um luto naturalmente mais longo que os de outros tipos de perda. Há nos primeiros tempos uma agudização da dor. Quando nas perdas naturais do ciclo vital o tempo parece amenizar a dor, no luto pelos filhos, o tempo parece aumentar as dificuldades conforme vai passando, até conseguir estabilizar. E essa é uma característica que faz toda diferença na necessidade de apoio das famílias que vivem este tipo de experiência.
A morte de um filho impõe ajustes no funcionamento da vida cotidiana e também uma readequação de sonhos e planos em relação ao futuro.
A maneira como os pais e mães irão passar pelo seu processo de luto, também é determinada por questões como: quem era este/a filho/a, como era a relação com ele/a em vida e como a morte aconteceu.
Como apoiar pais enlutados
Na maioria das vezes, a dificuldade em falar sobre quem morreu não é dos pais. Para eles, mesmo com o passar do tempo, é importante falar do filho que se foi. Isso não os faz lembrar do acontecido ou sofrer mais – eles nunca esquecem. Por vezes, se calam porque percebem que as pessoas não querem ou conseguem falar no assunto.
É importante poder falar abertamente sobre a emoção, a dor, o desamparo, as dúvidas, medos e indignação que este tipo de perda ocasiona. Não é simples e nem fácil, acompanhar pessoas queridas neste momento de dor, mas é muito importante, pois propicia a todos abrir espaço para sentir, expressar e acolher o mal estar como algo natural e inerente à perda e ao viver.
Não falar sobre algo que estamos sentindo pode ser uma forma de evitar essa emoção e se só evitamos e não abrimos espaço para senti-la, expressá-la e acolhê-la podemos dificultar o processo de luto. A fala ajuda ao enlutado expressar-se e assim reorganizar-se internamente. A fala promove a escuta, gera acolhimento e pode minimizar o sentimento de solidão gerado pela perda.
Conheça o nosso Programa de Apoio aos Enlutados
Programa de Apoio aos Enlutados (PAE) é um projeto do Grupo Cortel que visa auxiliar e acolher processos de luto. O objetivo é compartilhar vivências com outras pessoas que estejam em uma situação semelhante.
Os encontros possibilitam ao enlutado encontrar um espaço de acolhimento, no qual eles podem falar ou até mesmo apenas ouvir, cada um é livre para decidir como quer participar. O grupo lhes possibilita ser quem podem ou conseguem ser diante do seu processo de perda.
Ao ouvir os relatos de outras pessoas na mesma condição, pais e mães enlutados podem sentir-se autorizados a experimentar falar, vivenciar novas estratégias de enfrentamento da dor, da saudade e até mesmo para ressignificar a relação com filho amado perdido.
Neste espaço, os enlutados também recebem informações sobre o que é o luto e o que pode ser esperado dentro deste processo, normalizando assim as suas manifestações e reações. Receber estas informações pode trazer momentos de conforto em meio a experiência mais devastadora que é perder um filho.
O grupo pode oferecer ajuda para melhor compreender este processo de uma dor única, incomparável, e ao mesmo tempo natural e singular. O grupo lhes permite resgatar a humanidade.
Se você está passando por um processo como este e está precisando dividir sua experiência, participe dos nossos encontros virtuais e gratuitos, que são coordenados por profissionais especializados neste tema.
Ana Maria Dall’Agnese – CRP 07/12528
Denise Cápua Corrêa – CRP 07/6338
Mariana Zanatta – CRP 07/26370