Sob os teus olhos sem lagrimas
Ah! não dirás por certo
que não te amei, que não sofri!
Foi-me a tua alma assim como um salão deserto
onde, uma noite, me perdi.
Uma agonia de violetas fenecia
sobre um movel sem côr que envelhecera o pó;
das cortinas, purpurea a sombra estremecia
a um halito de morte. Eu hesitava, só.
E era o meu coração por tuas mãos ferido,
á tristesa infantil que o emmudecera já,
um velho piano adormecido
que ninguem mais acordará!
GUIMARAENS, Eduardo. Sob os teus olhos sem lágrimas. Fon-Fon!. Rio de Janeiro, 27 de fevereiro de 1915.