Transformando a dor em amor: luto materno
Vivenciar a perda de um filho é uma dor que só quem sente sabe. Não nos cabe aqui, neste texto, dizer como deve ser o processo de luto de cada mãe. Mas, sim, oferecer palavras e ferramentas que possam ajudar a compreender melhor uma perda tão significativa.
Para as mães, principalmente, o luto ganha ainda um peso extra e uma culpabilização extrema que estão ligados a ideias ultrapassadas que relacionam erroneamente a morte de um filho a uma “falha” ou “fracasso” na função tida como materna. Assim, estatisticamente as mulheres tendem a mergulhar em um processo de luto parental mais complicado do que os homens.
Muitas mães enlutadas costumam viver o luto em completa solidão e deixam de lado o autocuidado, como se praticar o amor-próprio fosse egoísmo da parte delas. Mas lembre-se: o luto sem autocuidado torna-se ainda mais pesado. Cuidar de si não é evitar o desconforto ou negar a memória do filho. Pelo contrário: ao ser gentil consigo mesma, a mãe pode acolher melhor sua própria dor e continuar cultivando com carinho a lembrança do filho amado.
Podemos dizer que o luto é um processo universal, que todos vamos passar na vida, mas a dor sentida por cada um é única e individual. Por isso, comparar os diferentes processos de luto só tornará esse momento mais difícil para quem está passando por ele.
Se você conhece uma mãe enlutada ou é uma, veja essas dicas que podem ser compartilhadas entre familiares, amigos e colegas de trabalho:
Como ajudar
Ter uma rede de apoio facilita a elaboração do luto pelo filho que morreu. Mesmo que nem todos concordem com os sentimentos expressados pela mãe, oferecê-la uma escuta acolhedora talvez seja o que ela precisa nesse momento. A mãe enlutada precisa de espaços onde ela se sinta confortável para compartilhar suas emoções sem que seja julgada ou silenciada por isso.
O respeito e a delicadeza devem sempre estar em primeiro lugar. Não há como comparar diferentes processos de luto e fazer isso só trará mais dor. Se mostrar disponível para conversar e até mesmo realizar tarefas práticas como ir ao supermercado é de grande auxílio para mães que se encontram nesse momento.
Nenhuma cobrança relacionada ao tempo de duração do luto materno deve ser feita. Esse é um processo dinâmico e sem tempo definido. Depende de cada mãe e da estrutura que ela tem para conseguir se reerguer.
Grupos de apoio
Lembra dos girassóis que estão espalhados por nossas redes sociais do Grupo Cortel neste mês das mães? Quando o nosso sol não está por perto, eles nos ensinam que podemos buscar uns aos outros para encontrar o conforto que precisamos.
Durante seu processo de luto, muitas mães encontram fôlego em grupos de apoio na internet e presenciais. Conversar e trocar experiências com pessoas que estão passando por um momento parecido contribui para o enfrentamento da dor.
Há grupos de apoio específicos para mães e pais espalhados por todo o Brasil. Alguns contam até mesmo com a orientação de profissionais da Psicologia, que acumulam conhecimento e experiência para oferecer auxílio às famílias enlutadas.
Cultive as boas memórias
O vínculo com um filho transcende a morte. Se você é uma mãe enlutada, saiba que tem todo nosso apoio, carinho e empatia para que possa acolher seus sentimentos. Sempre que necessário, peça ajuda para buscar sua luz e trazer um novo significado à vida.
Cultivando Memórias é uma homenagem do Grupo Cortel a todas as mães durante o mês de maio. Nos acompanhe pelas redes sociais Instagram, Facebook e Youtube.
Fontes:
Cartilha de Orientação ao Luto Parental (ONG Amada Helena)
FRANQUEIRA, Ana Maria Rodrigues, MAGALHÃES, Andrea Seixas, & FÉRES-CARNEIRO, Terezinha. (2015). O luto pelo filho adulto sob a ótica das mães. Estudos de Psicologia (Campinas), 32(3), 487-497.